21 de março de 2012

A perda


A perda é uma coisa estranha. O ser humano é capaz de se adaptar a tudo, desde o lugar mais inóspito ao convívio mais difícil. Mas, até hoje, vi pouquíssimas pessoas que se acostumaram com a perda.

A falta, o vazio que fica quando alguém que amamos se vai. A dor que não abranda e que nenhuma palavra consegue consolar. As lágrimas que rolam na face sem controle e que turvam as vistas me impedindo de continuar a escrever esse texto.

...

Hoje eu perdi alguém muito especial. Alguém que com seus cabelos brancos me arrancou incontáveis sorrisos. Que, mesmo longe, me amou mais do que aqueles que estavam perto.

Um olhar distante, mas nem por isso, desatento, ouvia tudo, prestava atenção em tudo, queria saber de tudo e de todos. Não perdia nada.

Eu não quis vê-la quando foi internada porque tenho certeza que não conseguiria segurar as lágrimas e a dor ao deparar-me com a imagem diferente da que estava acostumada; sempre sorridente e feliz. Preferi guardar na lembrança os sorrisos, o dedinho batendo a aliança descontraidamente no braço da cadeira e os cabelos cor de prata com cheiro de lavanda.

Minha vontade – e a de todos que perderam alguém – era de que continuasse aqui, mas na verdade, quando amamos devemos desejar sempre o melhor. E se o melhor for a perda, que assim seja.

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