27 de abril de 2011

Tudo passa


Ultimamente meus pensamentos estão envoltos por uma neblina densa, que não cessa.
Impedindo-me de ver as coisas com clareza, sem confundí-las. Impedindo-me de sentí-las como realmente são.
No entanto, mesmo a neblina mais densa, que borra nossa visão a noite inteira, eu sei que pela manhã o sol brilhará intenso, afastando qualquer sinal de que ela tenha existido um dia.

Enquanto o dia não amanhece e o sol aquece minh'alma, eu fico aqui, quietinha, esperando tudo passar.
Porque, como já dizia Chico: "Tudo passa".

24 de abril de 2011

Cumplicidade


Era uma noite típica de agosto; fria, agradável. Tinha acabado de chegar de viagem. Havia passado 3 semanas em Vitória, ES. Participando de um Congresso de Direito Criminal. Sou Delegado.
Estava exausto. 5 horas de vôo, mais 2 de carro. Tudo o que queria era um bom banho e a minha cama. Minha mulher com certeza estaria me esperando com o jantar pronto e toda disposição pra conversar a noite toda. Eu amava minha mulher, e adorava passar noites em claro conversando com ela. Mas hoje não.
Quando abri a porta de casa, me deparei com um cheiro característico. Molho de tomate com manjericão, o meu preferido. Segui o cheiro e cheguei à cozinha, onde ela fazia os últimos preparativos. Usava uma bermuda jeans, um pouco folgada. Havia emagrecido¿ Uma camiseta branca que contrastava com a cor de sua pele, morena. Haviam pequenas manchas, respingos de molho em sua roupa. Ela era tão desastrada...
- Oi filho! Como foi a viagem¿
- Tudo bem... Cansativa. Vou tomar um banho tá¿
- Não demora! Fiz aquele nhoque com molho de tomate e manjericão que você gosta!
Dei-lhe um beijo rápido, mas intenso e fui tomar um banho.
A água estava morna. Relaxante. Me senti bem melhor. Mas ainda cansado.
Vesti um short de seda e fui até a sala de jantar onde Elena me esperava.
- Como foram esses dias por aqui filha¿
- Tudo bem. Nenhuma novidade.
Pensei ter visto uma ruga de preocupação em seu rosto, mas afastei esse pensamento. Estava faminto. O cheiro do molho havia me dominado.
[...]
Depois do jantar ajudei-a com a louça. Fui pra o quarto e me deitei na cama. Ela tinha ido tomar banho. Devo ter cochilado alguns minutos. Quando ela saiu do banheiro estava vestida com uma camiseta branca meio transparente, colada em sua pele ainda molhada. Ela adorava usar roupas brancas porque contrastavam com sua pele. E sabia que eu adorava também. Usava uma calcinha branca, estilo cueca. Pra alguns, aquilo parecia broxante, mas pra mim, era excepcional. Os cabelos molhados, pingando sobre a camiseta, sentou-se na cama pra passar óleo no corpo.
- Eu já te falei o quanto eu te amo¿
- Bom, a última vez que disse isso foi antes de viajar.
- Eu amo você filha.
- Eu também te amo filho. Você sabe disso.
- Posso passar isso no seu corpo¿
- Claro...
- Mas tem que tirar a roupa.
Ela levantou e despiu-se na minha frente. Ver aquela mulher despindo-se daquela maneira, sem pudor, sem vergonha, não posso negar, me deixava muito presunçoso.
[Quando começamos a namorar ela ainda era virgem, coisa rara pra os tempos de hoje. Cheia de pudor e medo. Só depois de dois anos de namoro ela perdeu a vergonha. Hoje olho pra trás e acho cômico. Só namorávamos de luz apagada, eu não podia fazer muita coisa, ela achava tudo falta de respeito. Como ela me diverte... ]
Ela deitou-se de bruços na cama, eu me sentei ao seu lado, peguei o óleo e comecei a passar nos seus pés, massageando cada ponto, sua panturrilha, suas coxas. Cheguei no seu quadril, ela estremeceu um pouco. Eu ardi de desejo. Passei pelas suas costas, me demorando um pouco mais nos seus ombros, estavam tensos. Talvez aquela ruga que eu pensei ter visto mais cedo realmente exista, mas afastei novamente esse pensamento. Não era momento pra preocupações.
Pedi que virasse de frente.
Seu rosto estava avermelhado. Havia desejo em seu olhar. Beijei-a. ela retribuiu. O desejo tomou conta de nossos corpos. Quando dei por mim éramos apenas um. Eu desejava aquela mulher de uma forma inumana. Era como se eu nunca fosse me cansar dela, do seu corpo, do seu cheiro, do seu toque, dos seus gemidos, das suas expressões de prazer. Ela dominava todos os meus sentidos.
Chegamos ao clímax ao mesmo tempo. O que parecia impossível pra alguns casais, pra gente era constante. Estávamos conectados. Uma orquestra afinada. Uma harmonia perfeita.
Seu cabelo grudava no suor da testa. Seu rosto estava em brasa. Seu olhar era terno. Calmo. Distante também. Parecia mais velha¿
Abracei-a, dei –lhe um beijo na testa. Dormimos.



P.S.: Este texto foi escrito há algum tempo, mas eu sinto como se não estivesse completo. Não consegui finalizá-lo.
Vou continuar tentando.
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