27 de março de 2012

Quero morar em você


" -Eu vou morar em você.
-Em mim ? Mas essa casa precisa de tantas reformas !
-Mas enquanto você dormia, eu fiz um 'puxadinho' aí dentro !
-E a gente vai viver de quê ?
-De arredondar palavras...
(Mais tarde, deitada em cima das costas dele)
-O que você está fazendo aí em cima ???
- Estou tomando sol na laje ! "

Marla de Queiroz





Quero morar em você, fazer do teu corpo minha casa.
Quero que o meu corpo e o teu corpo se tornem só um. Que as batidas do meu coração entrem em compasso com as suas. Que os nossos corpos dancem em uma sintonia perfeita. Que a tua respiração faça cócegas no meu ouvido. E meu jeito idiota te arranque risadas. Quero ver as covinhas que se formam no seu rosto cada vez que você sorri. Quero ouvir teus problemas e dividir os meus medos. Quero que me derrubes no chão e me pegues no colo. Que deites em cima de mim e sussurres em meu ouvido. Quero ouvir você me chamando de 'baixinha', 'nega', 'meu bem'. Quero sentir seu cheiro de banho tomado, deitar no teu peito e me sentir segura.

Quero morar em você !

21 de março de 2012

A perda


A perda é uma coisa estranha. O ser humano é capaz de se adaptar a tudo, desde o lugar mais inóspito ao convívio mais difícil. Mas, até hoje, vi pouquíssimas pessoas que se acostumaram com a perda.

A falta, o vazio que fica quando alguém que amamos se vai. A dor que não abranda e que nenhuma palavra consegue consolar. As lágrimas que rolam na face sem controle e que turvam as vistas me impedindo de continuar a escrever esse texto.

...

Hoje eu perdi alguém muito especial. Alguém que com seus cabelos brancos me arrancou incontáveis sorrisos. Que, mesmo longe, me amou mais do que aqueles que estavam perto.

Um olhar distante, mas nem por isso, desatento, ouvia tudo, prestava atenção em tudo, queria saber de tudo e de todos. Não perdia nada.

Eu não quis vê-la quando foi internada porque tenho certeza que não conseguiria segurar as lágrimas e a dor ao deparar-me com a imagem diferente da que estava acostumada; sempre sorridente e feliz. Preferi guardar na lembrança os sorrisos, o dedinho batendo a aliança descontraidamente no braço da cadeira e os cabelos cor de prata com cheiro de lavanda.

Minha vontade – e a de todos que perderam alguém – era de que continuasse aqui, mas na verdade, quando amamos devemos desejar sempre o melhor. E se o melhor for a perda, que assim seja.

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